Você já deve ter se perguntado...
Por que os professores da UNIPAMPA estão em
greve?
A UNIPAMPA é resultado da reivindicação da
comunidade da região, que encontrou apoio na política de expansão das instituições federais de educação superior promovida
pelo governo federal. Um dos objetivos principais dessa política, que é dobrar
o número de alunos nas universidades em dez anos, já vem sendo alcançado.
Agora, imaginemos uma situação simples: uma família de 3 filhos resolve
aumentar para 6 filhos. O que será necessário para que a qualidade de vida de
todos seja mantida? Aumentar a casa? Aumentar a renda da família? Gastar mais
com transporte, saúde, alimentação?
Agora voltemos para a Universidade: numa sala
de aula onde havia antes 30 alunos, temos agora 60 alunos. Isso é excelente,
porque agora mais pessoas têm acesso à educação superior, e é justamente essa a
notícia que você escuta todos os dias nos jornais. Entretanto, há algo que
talvez você não saiba: o aumento do número de professores não acompanhou o
aumento do número de alunos, de
maneira que o aluno que antes tinha seu aprendizado acompanhado de perto, hoje
divide a atenção do professor em salas lotadas, e o professor, quando consegue,
se divide em atividades de burocracia, ensino, pesquisa, extensão e atendimento
ao aluno. Além disso, existe uma grande demora na execução de projetos de infra-estrutura,
resultando em insuficiência de estrutura mínima necessária para formar o
profissional de qualidade que o mercado precisa. Muitas soluções para essas
falhas são encontradas na base do improviso
e da boa vontade dos professores. Enfim,
pensemos juntos: se a intenção do governo, com a expansão das Universidades,
era melhorar a educação, como pode ter havido um corte de R$ 2 bilhões na
educação nos últimos dois anos?
Assim, nós,
que assumimos a profissão de professores ansiosos por proporcionar uma educação de qualidade, transformadora e que promova o desenvolvimento de regiões historicamente “esquecidas” em
nosso país, como é o caso da região do Pampa, nos vemos frustrados e
revoltados com o descaso e desrespeito do governo federal para com alunos e
professores.
Há quase DOIS ANOS
(desde o segundo semestre de 2010), os professores das Universidades Federais
vêm tentando negociar com o governo a questão do plano de carreira, de forma a garantir a manutenção da
qualidade dos professores e permanência destes no serviço público. O
prazo dessa negociação se esgotou em março deste ano, e NADA foi feito com
relação ao assunto.
Como se não
bastasse, o rendimento do professor de universidade pública federal não
acompanha os acontecimentos econômicos do país. Quando a inflação aumenta, o
que qualquer trabalhador espera? Aumento de salário. O salário mínimo, todo
ano, sofre um reajuste, na tentativa de compensar a perda do poder aquisitivo
resultante do aumento da inflação. Nos últimos 7 anos, enquanto o salário
mínimo aumentou 82%, o salário do professor aumentou 45%. O que isso quer
dizer? Isso significa PERDA salarial, ou, em melhor português: DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR.
Por esses motivos, juntamente com mais 39
Universidades Federais em todo o Brasil, a UNIPAMPA declara estar em GREVE por
tempo indeterminado a partir de 17 de maio de 2012.
Este é um momento para que todos, professores,
pais, alunos, a sociedade como um todo, pensem: qual a educação que queremos? Esta
é uma luta dos professores em defesa de melhores condições de trabalho, da
valorização da carreira docente e do caráter público, gratuito e de qualidade
das universidades federais. Portanto, esta luta também é de toda a comunidade
acadêmica e da sociedade itaquiense, pois todos nós desejamos qualidade de
ensino para a população desta região.
Junte-se a nós.